SOME NARRATOLOGICAL REFLECTIONS ON HISTORY AND LITERATURE

ALGUMAS REFLEXÕES NARRATOLÓGICAS SOBRE HISTÓRIA E LITERATURA

Autores

  • Hudson Marques da Silva IFPE

Palavras-chave:

História; Literatura; Narrativas

Resumo

Este ensaio promove algumas reflexões no campo da Narratologia a respeito da relação entre historiografia e literatura. Com base em pressupostos teóricos da Filosofia da História e da Teoria Literária, duas visões basilares e divergentes são mobilizadas: uma que enxerga a narrativa histórica de modo positivista-cientificista: enquanto reprodução autêntica de eventos e, por isso, como distinta da narrativa literária, que trilha pelo terreno ficcional (Cohn, Lamarque, Olsen, Ginzburg, entre outros). A outra visão identifica similaridades (narrador, enredo, espaço, tempo, figuras de linguagem e de retórica, etc.) entre os dois universos narrativos, defendendo uma visão relativista (pós-modernista) em relação à (im)possibilidade de emular a realidade pela linguagem (Certeau, Veyne, White, Hutcheon, entre outros). Este ensaio conclui que  há certa subjetividade na precisão das narrativas históricas, bem como matéria de extração histórica em narrativas literárias, o que torna obras literárias de conteúdo histórico importantes fontes de conhecimento histórico.  

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARISTÓTELES. Poética. Tradução: Edson Bini. São Paulo: Edipro, 2011.

BAKHTIN, Mikhail. Le discours dans la vie et les discours dans la poésie. In: TODOROV, Tzvetan. Mikhail Bakhtine: le principe dialogique suivi de écrits du cercle de Bakhtine. Paris: Les Éditions du Seuil, 1981, p. 181-215.

______. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1990.

______. Questões de literatura e de estética (a teoria do romance). Tradução: Aurora Fornoni Bernardini. 3. ed. São Paulo: UNESP, 1993.

BASTOS, Alcmeno. Introdução ao romance histórico. Rio de Janeiro: UERJ, 2007.

BENJAMIN, W. A ruína. In: ______.Origem do drama barroco alemão. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Brasiliense, 1984, p. 199-203.

______. On the concept of history. In: ______. Selected writings, 4: 1938-1940. Cambridge, MA: Harvard UP, 2003. p. 388-401.

BLOCH, M. L. B. Apologia da história, ou, o ofício de historiador. Tradução: André Telles. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.

BOLLE, Willi. Grandesertão.br: o romance de formação do Brasil. São Paulo: Duas Cidades, 34, 2004.

BUCKHARDT, J. Force and freedom: an interpretation of history. New York: Meridian Books, 1955.

CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. 4 ed. São Paulo: Martins, 1971.

CARPEAUX, O. M. Ensaios reunidos: 1946-1971. Rio de Janeiro: UniverCidade; Topbooks, 2005, v. II.

CERTEAU, M. de. A escrita da história. Tradução: Maria de Lourdes Menezes. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

CHARTIER, R. A história ou a leitura do tempo. Tradução: Cristina Antunes. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

COHN, D. The distinction of fiction. Baltimore/London: John Hopkins University Press, 1999.

COMPAGNON, A. Literature, theory, and common sense. Trans: Carol Sense. Princeton, New Jersey: PUP, 2004.

DÖBLIN, Alfred. O romance histórico e nós. Tradução: Marion Brepohl de Magalhães. História: Questões & Debates, Curitiba: UFPR, n. 44, p. 13-36, 2006.

ESTEVES, A. R. O romance histórico brasileiro contemporâneo (1975-2000). São Paulo : UNESP, 2010.

GEERTZ, C. Works and lives: the antropologist as author. Standford: Standford University Press, 1988.

GINZBURG, C. Relações de força: história, retórica, prova. Tradução: Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

______. O queijo e os vermes: o cotidiano e as ideias de um moleiro perseguido pela Inquisição. Tradução: Maria Betânia Amoroso. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

HELENA, Lúcia. O romance de fundação: subsídios para a questão da dependência. Atlântida: Revista do Instituto Açoriano de Cultura, 2º sem, 1991.

HUTCHEON, L. A poetics of postmodernism: history, theory, fiction. New York/London: Routledge, 2003.

ISER, W. Os atos de fingir ou o que é o fictício no texto ficcional. In: LIMA, L. C. (Org.). Teoria da literatura em suas fontes. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

LAMARQUE, P; OLSEN, S. H. Truth, fiction and literature: a philosophical perspective. Oxford: Clarendon Press, 1994.

LÄMMERT, E. “História é um esboço”: a nova autenticidade narrativa na historiografia e no romance. Estudos Avançados. São Paulo, v. 9, n. 23, p. 289-308, 1995.

LEJEUNE, P. El pacto autobiográfico. In: LOUREIRO, Ángel G. (Org.) La autobiografía y sus problemas teóricos. Barcelona: Antropos, 1991, p. 47-61

______. Definir autobiografia. In: MORÃO, Paula (Org.) Autobiografia: auto-representação. Lisboa: Colibri, 2003.

LIMA, Luiz Costa. História. Ficção. Literatura. São Paulo : Companhia das Letras, 2006.

LÖWY, M. Walter Benjamin: aviso de incêndio: uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. Tradução: Wanda Nogueira Caldeira Brant. São Paulo: Boitempo, 2005.

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. Tradução: José Marcos Mariani de Macedo. São Paulo: 34, 2000.

MAGALHÃES, A. A Bíblia como obra literária: hermenêutica literária dos textos bíblicos em diálogo com a teologia. In: FERRAZ, S.; ______; BRANDÃO, E. (Orgs.) Deuses em poéticas: estudos de literatura e teologia. Belém: UEPA; UEPB, 2008. p. 11-24

______. Deus no espelho das palavras: teologia e literatura em diálogo. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 2009.

OLIVEIRA, Manoela Hoffmann. Crítica ao conceito Bildungsroman. Revista Investigações. UFPE. v. 26, n. 1, p.1-39, jan. 2013.

PERRONE-MOISÉS, Leyla. Vira e mexe, nacionalismo: paradoxos do nacionalismo literário. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

RIFFATERRE, M. Fictional Truth. Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1990.

ROBERT, Marthe. Romance das origens, origens do romance. Tradução: André Telles. São Paulo: Cosac Naify, 2007.

SCHEFFEL, Victor von. "Vorwort", Ekkehard. Eine Geschichte aus dem 10. Jahrhundert. In: Werke, 4 vol. (Leipzig: Bibliographisches Institut, 1919) vol. 3: p. 20-25.

STE. CROIX, G. E. M. de. Aristotle on History and Poetry. In: OKSENBERG-RORTY, A (Org.) Essays on Aristotle’s Poetics. Princeton: Princeton University Press, 1992, p. 23-32.

TODOROV, T. Introduction to poetics. Translated by Richard Howard. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1981.

VEYNE, P. M. Writing history: essay on epistemology. Trans: Mina Moore-Rinvolucri. Middletown, Connecticut: WUP, 1984.

WEBER, R. The Literature of Fact: literary nonfiction in American writing. Athens: Ohio University Press, 1980.

WHITE, H. Metahistory: the historical imagination in nineteenth-century Europe. Baltimore, MD: The Johns Hopkins University Press, 1975.

WITTGENSTEIN, L. Tractatus logico-philosophicus. Tradução: José Arthur Giannotti. São Paulo: Companhia Editora Nacional/USP, 1968.

______. Investigações filosóficas. Tradução: José Carlos Bruni. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

Downloads

Publicado

2022-02-01

Como Citar

Marques da Silva, H. (2022). SOME NARRATOLOGICAL REFLECTIONS ON HISTORY AND LITERATURE: ALGUMAS REFLEXÕES NARRATOLÓGICAS SOBRE HISTÓRIA E LITERATURA. Entheoria: Cadernos De Letras E Humanas, 8(2), 133–154. Recuperado de https://www.journals.ufrpe.br/index.php/entheoria/article/view/4232