JUDITH TEIXEIRA, ANTI-SAUDOSISTA

Resumo

O inédito projeto de conferência Da saudade antecede a conferência De mim, efetivamente proferida e publicada por Judith Teixeira. Nele, a autora visa não tanto a saudade enquanto afeção individual, mas sobretudo o saudosismo enquanto corrente de pensamento que considera a saudade o traço essencial e singular da identidade nacional portuguesa. A denúncia e recusa judithiana da saudade faz-se em nome do espírito modernista tecnofílico a cuja luz a mudança social e cultural é dinamicamente propulsionada pelo avanço tecnocientífico de que tiram inteiro partido as práticas experimentais das vanguardas artísticas nas quais Judith Teixeira se integra. A saudade é um sentimento doentio que paralisa a fruição plena das possibilidades que a vida oferece e, por isso, nada interessa à arte moderna tecnicamente mediada. Ambas as conferências assumem a forma de manifestos e tudo indica que aquilo que mais as diferencia é o facto de a primeira anteceder os violentos ataques de que a obra judithiana foi objeto no decurso do escândalo da “literatura de Sodoma”, enquanto a segunda constitui um desenvolvimento e uma revisão radical da primeira com o propósito de se defender dos seus detratores e inimigos.