Diagnóstico precoce do sexo fetal de caprinos e ovinos pela ultra-sonografia

Autores

  • MHB Santos

Resumo

Teve-se o objetivo de definir o melhor período para diagnosticar o sexo fetal nas espécies ovina e caprina pela ultra-sonografia em tempo real utilizando-se transdutor linear (6 e 8 MHz) por via transretal e convexo (5 e 7,5 MHz) por via transabdominal. Foram examinados 298 fetos de 223 ovelhas e 532 fetos de 334 cabras de diferentes raças, oriundos de monta natural (MN) e de transferência de embriões (TE). No primeiro experimento foram examinados 64 úteros de ovinos e 108 de caprinos imersos em recipiente contendo água, obtendo-se acurácia de 90,6% na sexagem dos fetos ovinos e de 81,5% nos caprinos. Quanto à migração do tubérculo genital (TG) nos experimentos relativos à espécie ovina constatou-se que nos fetos originados de monta natural ocorre entre os dias 37 e 46 (42 ± 2,0) de gestação na raça Santa Inês, 38 a 51 (45,0 ± 3,0) dias na raça Damara, 36 a 45 (39,2 ± 2,3) dias nos mestiços ¾ Damara-Santa Inês, 36 a 46 (39,5 ± 2,9) dias na raça Morada Nova e de 38 a 48 (43,0 ± 2,8) dias na raça Dorper. Nos fetos provenientes de transferência de embriões congelados, a migração do TG ocorre entre os dias 42 e 52 (48,5 ± 3,3) de gestação na raça Morada Nova e de 36 a 58 (46,1 ± 4,7) dias na raça Dorper, registrando-se que a migração do TG desses fetos é mais tardia (P < 0,05) do que naqueles de monta natural. Na espécie caprina, a migração do TG ocorre ente os dias 44 e 49 (46,2 ± 1,3) de gestação nos fetos da raça Anglo-nubiana, entre o 43º e o 54º (47,4 ± 6,5) dia nos da raça Boer, entre os dias 48 e 53 (50,5 ± 1,54) nos mestiços, entre os dias 41 e 51 (46,4 ± 2,1) nos da raça Alpina Americana e entre os dias 45 e 55 (48,9 ± 1,8) nos da raça Saanen. A comparação efetuada entre as duas últimas raças evidenciou que a migração do TG é mais precoce (P < 0,05) nos fetos da Alpina Americana. A acurácia da sexagem fetal dos exames repetidos em intervalos de 12, 24 ou 48 horas nas gestações simples foi de 100% em todas as raças caprinas avaliadas e de 100% em ovinos da raça Santa Inês, Damara, ¾ Damara-Santa Inês e Dorper, sendo de 92,3% em fetos da raça Morada Nova provenientes de TE. Nas gestações múltiplas dos ovinos, a acurácia variou de 83% (dupla) a 100% (tripla) na raça Santa Inês, 50% (dupla proveniente de TE) a 92,9% (dupla proveniente de MN) na raça Morada Nova, sendo de 83% na raça Damara, 100% nos mestiços ¾ Damara-Santa Inês e 88,9% na raça Dorper. Nos caprinos variou de 66,6% (tríplices) a 100% (duplas) na raça Anglo-nubiana, de 96,9% (duplas) a 100% (tríplices) na raça Boer, de 66,7% (tríplices) a 87,5% (duplas) na raça Alpina Americana, de 50% (quádrupla) a 80,9% (dupla) na raça Saanen, sendo de 75% nas gestações duplas dos fetos mestiços. Quanto ao exame único nos ovinos, a acurácia nas gestações simples foi de 100% nas raças Santa Inês, Morada Nova e Dorper. Nos caprinos foi de 100% na raça Anglo-nubiana, de 94,4% na raça Boer, de 85,7% na raça Alpina Americana, de 100% na raça Saanen e de 72% nas gestações dos fetos mestiços. Nas gestações múltiplas dos ovinos, somente a raça Santa Inês foi submetida a exame único, obtendo-se a acurácia de 85,7%. Já nos caprinos variou de 63% (tríplices) a 82,5% (duplas) na raça Anglo-nubiana, de 80,8% (duplas) a 100% (tríplices) na raça Boer, de 66,7% (tríplices) a 72,7% (duplas) na raça Saanen, sendo de 80% (duplas) na raça Alpina Americana. Nos fetos mestiços submetidos a exame único, a acurácia nas gestações duplas foi de 80% pela via transretal e de 55,3% pela via transabdominal. Os resultados permitem concluir que o método ultra-sonográfico de identificação do sexo de fetos caprinos e ovinos, visualizando o TG e a genitália externa, é eficiente a partir do 50° dia de gestação nos fetos ovinos originados de monta natural e a partir do 55º dia naqueles provenientes de transferência de embriões congelados, bem como nos fetos caprinos oriundos de monta natural. É também possível concluir que, nem sempre, a repetição de exames aumenta a acurácia da sexagem, seja porque o feto não se posiciona adequadamente para permitir a visualização das estruturas responsáveis pela sexagem ou porque não é possível identificar, principalmente nas gestações múltiplas, o sexo de todos os fetos no mesmo exame. Finalizando, ainda é possível concluir que as gestações múltiplas comprometem geralmente a acurácia da sexagem fetal e que a experiência do operador é fundamental para minimizar e até mesmo eliminar a emissão de diagnósticos equivocados. 

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Publicado

12-09-2011

Como Citar

Santos, M. (2011). Diagnóstico precoce do sexo fetal de caprinos e ovinos pela ultra-sonografia. Medicina Veterinária, 1(1), 101–102. Recuperado de https://www.journals.ufrpe.br/index.php/medicinaveterinaria/article/view/743

Edição

Seção

Reprodução Animal