Caracterização epidemiológica, clínica, ultrassonográfica e anatomopatológica de pitiose gastrointestinal em cães
DOI:
https://doi.org/10.26605/medvet-v19n3-7533Palavras-chave:
Pythium insidiosum, oomiceto, infiltrado piogranulomatoso, zoósporos móveisResumo
Objetivou-se descrever os achados epidemiológicos, clínicos, anatomopatológicos, ultrassonográficos, histoquímicos e imuno-histoquímicos de pitiose gastrointestinal em cães diagnosticados no Laboratório de Patologia Animal do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba. No período de 2014 a 2022, foram diagnosticados cinco casos da doença e o diagnóstico definitivo foi estabelecido pela imuno-histoquímica. Desses casos, foram extraídos dados epidemiológicos e clínicos, exames ultrassonográficos, além das lesões macroscópicas e microscópicas. Para caracterização morfotintorial do Pythium insidiosum foram realizadas colorações histoquímicas como metenamina nitrato de prata de Grocott (GMS) e ácido periódico de Schiff (PAS). Em um dos casos, foi realizado exame citológico durante a necropsia. Na imuno-histoquímica foi utilizado anticorpo primário policlonal anti-P. insidiosum na diluição de 1:1.000. Macroscopicamente as lesões caracterizam-se por espessamento transmural das camadas do estômago; duodeno, jejuno e íleo; ceco, cólon e reto; e linfadenomegalia com massas irregulares, firmes e amareladas. Citologicamente foram observados acentuado infiltrado inflamatório piogranulomatoso com células gigantes multinucleadas e imagens negativas de estruturas tubuliformes sugestivas de hifas de P. insidiosum. Histologicamente, havia enterite e gastrite piogranulomatosa ou granulomatosa associada a imagens negativas de estruturas tubuliformes sugestivas de hifas de P. insidiosum no citoplasma de células gigantes e de macrófagos e livres em áreas de necrose, por vezes circundadas por Splendore-Hoeppli. Na coloração histoquímica de PAS as paredes das hifas foram coradas fracamente de magenta, na GMS foram coradas em preto, e no exame de imuno-histoquímica foram marcadas em marrom. Conclui-se que os achados epidemiológicos, clínicos, ultrassonográficos, anatomopatológicos e histoquímicos permitiram o diagnóstico sugestivo de pitiose gastrointestinal, que foi confirmado através da imuno-histoquímica com a identificação específica de P. insidiosum em amostras de tecido. Pitiose gastrointestinal em cães deve ser incluída nos diagnósticos diferenciais em casos de doenças que cursam com sinais gastrointestinais que ocorrem em áreas endêmicas.Downloads
Referências
Aguiar, D.M. et al. Canine gastrointestinal pythiosis: a case report in Brazilian Pantanal from a diagnostic approach. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, 59: 1-7, 2022.
Berryessa, N.A. et al. Gastrointestinal pythiosis in 10 dogs from California. Journal of Veterinary Internal Medicine, 22(4): 1065-1069, 2008.
Chindamporn, A.; Kammarnjessadakul, P.; Kesdangsakonwut, S.; Banlunara, W. A case of canine cutaneous pythiosis in Thailand. Access Microbiology, 2(4):109, 2020.
Connolly, S.L. et al. Dual infection with Pythium insidiosum and Blastomyces dermatitidis in a dog. Veterinary Clinical Pathology, 41(3): 419-423, 2012.
Fernandes, C.P.M. et al. Gastric pythiosis in a dog. Revista Iberoamericana de Micología, 29(4), 235–237, 2012.
Fischer, J.R. et al. Gastrointestinal pythiosis in Missouri dogs: eleven cases. Journal of Veterinary Diagnostic Investigation, 6(3):380-382, 1994.
Frade, M.T.S. et al. Pythiosis in dogs in the semiarid region of Northeast Brazil. Pesquisa Veterinária Brasileira, 37(5): 485-490, 2017.
Fujimori, M. et al. Pythium insidiosum colitis in a dog: treatment and clinical outcome. Ciência Rural, 46(3): 526- 529, 2016.
Gaastra, W. et al. Pythium insidiosum: an overview. Veterinary Microbiology, 146(1-2): 1-16, 2010.
Galiza, G.J.N. et al. Ocorrência de micoses e pitiose em animais domésticos: 230 casos. Pesquisa Veterinária Brasileira, 34(3): 224-232, 2014.
Graham, J.P.; Newell, S.M.; Roberts, G.D.; Lester, N.V. Ultrasonographic features of canine gastrointestinal pythiosis. Veterinary Radiology & Ultrasound, 41(3): 273-277, 2000.
Grooters, A.M. Pythiosis, lagenidiosis, and zygomycosis in small animals. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice, 33(4): 695-720, 2003.
Grooters, A.M. Pythiosis, lagenidiosis, paralagenidiosis, entomophthoromycosis, and mucormycosis. In: Sykes, J.E. Greene's infectious diseases of the dog and cat. 5th ed. WB Saunders, 2021. p. 1105-1117.
Hunning, P.S. et al. Obstrução intestinal por Pythium insidiosum em um cão: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 62(4): 801-805, 2010.
Macêdo, L.B. et al. Pitiose canina: uma doença despercebida na clínica de pequenos animais. Acta Veterinaria Brasilica, 9(1): 1-11, 2015.
Magalhães, A.M.; Ramadinha, R.R.; Barros, C.S.L.; Peixoto, P.V. Estudo comparativo entre citopatologia e histopatologia no diagnóstico de neoplasias caninas. Pesquisa Veterinária Brasileira, 21(1): 23-32, 2001.
Martins, T.B. et al. A comparative study of the histopathology and immunohistochemistry of pythiosis in horses, dogs and cattle. Journal of Comparative Pathology, 146(2-3): 122-131, 2012.
Mendoza, L.; Ajello, L.; McGinnis, M. Infections caused by the oomycetous pathogen Pythium insidiosum. Journal of Medical Mycology, 6: 151-164, 1996.
Pereira, D.I.B. et al. Cutaneous and gastrointestinal pythiosis in a dog in Brazil. Veterinary Research Communications, 34: 301-306, 2010.
Rech, R.R.; Graça, D.L.; Barros, C.L.S. Pitiose em um cão: relato de caso e diagnósticos diferenciais. Clínica Veterinária, 9(50): 68-72, 2004.
Santurio, J.M. et al. Pitiose: uma micose emergente. Acta Scientiae Veterinariae, 34(1): 1-14, 2006.
Silva, C.G. et al. Enterite granulomatosa em um cão. Revista de Agroecologia no Semiárido, 4(3): 6-10, 2020.
Silva, E.M.S et al. Pitiose gastrointestinal canina: revisão de literatura. Ensaios e Ciência, 24(5): 544-551, 2020.
Trost, M.E. et al. Aspectos clínicos, morfológicos e imuno-histoquímicos da pitiose gastrintestinal canina. Pesquisa Veterinária Brasileira, 29(8): 673-679, 2009.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Isabela Calixto Matias, Caroline Gomes da Silva, Laynaslan Abreu Soares, Maria Estrela de Oliveira Ramos, Juliana Ferreira da Silva, Yanca Soares Góes dos Santos, Glauco José Nogueira de Galiza, Lisanka Ângelo Maia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
- A Revista de Medicina Veterinária permite que o autor retenha os direitos de publicação sem restrições, utilizando para tal a licença Creative Commons CC BY-NC-SA 4.0.
- De acordo com os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- NãoComercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
- CompartilhaIgual — Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.




